Etilenoglicol em motores DKW (Ayrton Amaral, Ricardo Prado, Fernando Jaeger)
Ayrton Amaral - Todo carro moderno usa em seu sistema de arrefecimento um
produto chamado etilenoglicol. Ele aumenta o ponto de ebulição da água e evita
congelamento do líquido de arrefecimento em dias muitos frios. Pois bem...que
tal usar no DKW?
Esgotei o radiador, e botei essa gororoba nele na proporção de 1:2 conforme
indicação. Saí com o carro, depois de um tempo, um susto.
TEMPERATURA LÁ NAS ALTURAS.
Parei, fui até o radiador e abrí a tampa. Ufaaaaa! jorrou água.
Primeiro diagnóstico:
O radiador estava plenamente cheio e não aconteceu a circulação por termo sifão.
Passado isso, continuei meu trajeto, depois de dar uma descarga no volume de
água do radiador.
Fui para a estrada, e a impressão que tive é que a temperatura estava um pouco
acima da normal. Não posso concluir ainda por falta de dados mais convincentes
mas posso inferir que DKW não é muito chegado a essas coisas modernas.
No dia seguinte, esgotei o
radiador e repeti exatamente o mesmo trajeto que fiz ontem e o ponteiro chegou
quase no início dos risquinhos da direita. Com agua apenas (de chuva), o
ponteiro nem chegou a sair dos risquinhos da esquerda.
Etilenoglicol, nunca mais. A água, H2O, é mais eficiente na troca de calor.
Ricardo Prado - Decidi
escrever estas poucas linhas com o intuito de ajudar os colegas antigomobilistas
na solução dos problemas de superaquecimento neste bravo verão que inicia. Na
realidade, não tive um arroubo de bom samaritano não. Tive é muitos problemas
para terminar o último rallye de Campos do Jordão sem derreter o cabeçote do
Puma DKW, com várias paradas na subida da serra da Pedra do Baú fato este, que
quase me roubou a vitória. Assim, após esta aventura heróica, mergulhei nas
pesquisas sobre o etilenoglicol, já que todos os carros modernos têm, como
recomendação de fábrica, uma porcentagem de 40% a 60% deste líquido misturado à
água do radiador.
A história é a seguinte: Na manhã de sexta feira que precedia ao rallye, tirei
um dia de férias acordando muito cedo (5:15hs) para preparar o carro para a
viagem e para o rallye. Uma das primeiras providências, dado o calor de 35
graus, foi esvaziar o radiador, lavar todo o circuito e enchê-lo novamente com
água limpa mais um litro de etilenoglicol de boa procedência. Depois, fiz os
demais preparativos e controles. O etilenoglicol foi colocado por um raciocínio
aparentemente lógico: se este aditivo, além de ser anti congelante, também
aumenta a temperatura de ebulição da água, então a mesma vai ferver mais tarde
no radiador (temperatura mais alta) retardando o superaquecimento.
Logo na estrada Carvalho Pinto, sob o sol das 14:00 hs, o carro já demonstrava
um excesso de temperatura um tanto estranho. Daí para chegar aos 1.650 mts. de
Campos, foi ainda pior.
Notando isto, no mesmo dia à tarde, comprei mais etilenoglicol que adicionei ao
pequeno radiador do Puma DKW para garantir mais segurança na prova.
Ledo engano. O carro aquecia até nas retas sem que existissem outros problemas
como regulagem, etc., forçando-me a rodar com o afogador puxado nas subidas,
para refrigerar a cabeça dos pistões mais intensamente, o que causava
transtornos especialmente nas baixas rotações. É certo que com o aditivo mais a
tampa com pressão extra utilizada para esta prova, a água agüentava até uns 110
graus sem ferver mesmo naquela altitude. O problema é que a mesma, não baixava
nem para 109 graus!
Depois de tanto sofrimento descobri o problema, através de uma profunda pesquisa
comprovada por vários testes, feita pelo NAMGAR, através de sua revista chamada
MGA e que se encontrava publicada no site do VEA - Voitures Europeannes
D'Autrofois.
Portanto, na realidade, a água pura absorve 1 Cal por centímetro cúbico a cada
grau Celsius e uma mistura de 50/50% de água com etilenoglicol, absorve só 0,56
cal por c.c. por grau. Portanto senhores, água pura troca quase o dobro de calor
que a mistura com eglicol e refrigera muuuuuito mais!
Aproveitando a discussão, complemento sobre a tão falada corrosão causada nos
cabeçotes de alumínio e nos radiadores de cobre pelo etilenoglicol. Na
realidade, todos os aditivos com esta base que sejam de fabricantes idôneos,
carregam em sua formulação outros aditivos que são anticorrosivos, pois o
etilenoglicol sozinho, é realmente muito corrosivo.
O problema é que após alguns meses (mais de 2 anos) estes anti corrosivos se
degradam pelo calor, perdem efeito e deixam a corrosão tomar conta dos
componentes.
Talvez por isto (minha suposição) é que em todos os procedimentos de manutenção
dos carros modernos, está prevista a troca do líquido do radiador a cada X Kms.
Mais uma coisa, segundo a pesquisa citada, ideal mesmo é utilizar Nalcool, um
produto anticorrosivo que é usado em caminhões de várias marcas. Óleo solúvel
não causa mal ao sistema mas..., também não traz vantagens, a não ser por uma
teórica melhor lubrificação da gaxeta da bomba d´água. Convenhamos, não é uma
enorme vantagem frente aos poucos Kms que rodamos com nossas jóias.
Importante citar que água destilada ou deionizada causa também corrosão maior
que água pura normal, porque fica ávida para receber partículas de sólidos e/ou
minerais que obviamente serão retiradas do seu sistema de refrigeração.
Segundo testes, carros antigos diversos em utilização severa, chegaram a ter a
temperatura do motor reduzida em até 15 graus Celsius, quando comparamos o mesmo
trecho feito com e sem o etilenoglicol no radiador. É muita diferença.
Portanto meus amigos, a ordem é no verão, usar só água limpa.
Fernando Jaeger - Vou comentar do nosso
Belcar 1965 (teste drive). Percoremos 1.450km em 22h. só parando para
reabastecer
e aproveitamos para fazer um lanche.
Quando faço motor na DEKABRAS:
- dou um jato de areia nas camaras dágua
- depois banho termico.
Complemento do motor:
- cabeçote destaxado
- ponto 2,5 PMS
- gasolina comun
- óleo 2T
- charuto modelo Wallig
- abafador traseiro modelo Wallig.
Não aquece e nunca grudou uma biela ou travou um pistão. Em 2013 o Belcar fez
mais de 60 teste drive em Poços de Caldas, gastei dois tanques de combustivel
para os amigos sentirem a diferença da coroa e pinhão, freio a disco, junta
homocinetica, a bailarina ...
Respeito quem gosta de colocar corpo estranho no DKW. Mas um motor bem feito não
precisa nada disto.