Auto Union no Brasil |
A história da Auto Union em nosso país começa em 1935, quando o barão Claus Detlov von Oertzen deixa a direção da Auto Union, na Alemanha. Sua saída deveu-se à criminalização crescente do regime nazista. Embora não fosse judeu, Oertzen era casado com uma mulher proveniente do povo judeu. Tornou-se persona non grata ao regime e começou a correr perigo de vida. A Auto Union o ajudou a sair apressadamente da Alemanha e ele veio para a America do Sul. Von Oertzen passa então a organizar a exportação de carros da Auto Union para países abaixo do Equador - América do Sul, Ásia e Austrália. Também foi responsável pela implantação da Auto Union na Africa do Sul.
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Depoimentos de antigos mecânicos de DKW, já falecidos, faziam referencia também a uma oficina da Auto Union na rua Evaristo da Veiga (Rio de Janeiro), de fronte ao Quartel General da PM.
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Também para Brasil foi enviado Walter Krug, um competente vendedor e administrador da Auto Union e antigo administrador da fábrica em Berlim. Segundo Paulo Cesar Sandler, autor do livro " DKW - A Grande História da Pequena Maravilha", Krug no Brasil "encontrou um país onde a motorização era feita por Ford e Chevrolet, e foi muito difícil implantar uma mentalidade no comprador que aceitasse o pequeno dois tempos. Krug conseguiu isso, o DKW logo ganhou respeito do comprador brasileiro. Com isso, abriu caminho para todos os outros pequenos carros europeus - fato que nunca vi ser ressaltado na literatura disponível". |
Uma análise dos anúncios publicitários da Auto Union no Brasil, no período que antecede a II Guerra Mundial, fornece alguns indícios sobre a estratégia de marketing adotada na promoção dos veículos e das marcas importadas pela Auto Union Brasil e pela Bremensis.
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1935 | ||
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Em 1935, predominam anúncios do tipo institucional da Auto Union e das 4 marcas do grupo.
Digno de nota a forte associação das 4 marcas do grupo com os resultados nas pistas do carro de corrida "Auto Union".
No anúncio a esquerda, publicado no jornal Correio Paulistano de 22 de dezembro de 1935, em São Paulo, a firma "Sociedade Technica Bremensis Ltda" aparece como importadora dos veículos Auto Union que encontravam-se expostos à venda pelo revendedor "Almeida & Veiga". A Bremensis detinha a representação da Auto Union nos Estados de São Paulo e Paraná, enquanto a Auto Union Brasil, no Rio de Janeiro, anunciava que possuía agentes em São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Bahia, Recife, Corumbá, Joinville e Fortaleza. |
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1936 | ||
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Em 1936, continua o marketing associado às competições, não apenas em relação as corridas na Europa, mas também no Brasil, como pode ser visto no anuncio a esquerda, para promoção da marca WANDERER. E também começava uma forte promoção de venda dos carros Horch no País. A Auto Union Brasil anunciava que possuía "representações e depósitos de peças sobressalentes em todos os Estados do Brasil".
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Também neste ano, 1936, inicia-se a promoção e venda das motocicletas DKW no Brasil. As mensagens publicitárias enfatizam, tal como nos automóveis, as conquistas esportivas. Nesta época, a Auto Union já era o maior fabricante mundial de motocicletas.
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1937 |
A associação com o esporte permanece, mas agora com a adoção, também, de técnicas de "merchandising", aqui entendido como uma prática de inclusão sutil de uma marca, empresa ou produto em um espaço não destinado à publicidade. Esta técnica leva vantagem sobre os anúncios convencionais por ser "digerida" mais facilmente pelo público. A matéria abaixo, publicada no jornal Correio Paulistano de 21 de novembro de 1937 como uma simples "reportagem esportiva", não consegue esconder seu dissimulado conteúdo publicitário. Como pode ser constatado, a marca AUDI não foi mencionada, parecendo não haver interesse em divulgá-la no Brasil.
A marca AUDI somente aparecia ao lado das outras marcas na promoção do nome "Auto Union". |
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Também em 1937 inicia-se a promoção e venda do furgão "DKW Carro Entrega" (anúncios abaixo e a direita)
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1938 |
A Bremensis, em São Paulo, inaugura uma nova seção para venda dos automóveis e motocicletas da Auto Union, mas faz questão de registrar que a firma "Almeida & Veiga" continuava como distribuidora dos automóveis do grupo. A marca AUDI novamente é omitida (anuncio abaixo).
No Rio de Janeiro, a Auto Union Brasil passa a contar com um novo representante na cidade, a "Commercial Metropolitana" (anuncio ao lado). E também no segmento motociclistico, são enaltecidos os resultados nas pistas (anuncio abaixo a direita) |
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Ao lado, instalações do representante Auto Union no Estado da Paraíba, a Agencia Germania Importadora. |
1939 |
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Walter Krug permaneceu no Brasil durante a guerra, mas desde 1940 não mais se importavam os produtos Auto Union.
Somente em 1950, Krug voltaria a organizar um serviço de importação e manutenção de DKW.
1940 | 1941 | |||
Com o conflito na Europa, cessam as importações dos veículos Auto Union no País.
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O começo do fim, com a inclusão da Auto Union Brasil e da Bremensis na "Lista Negra" de empreendimentos alemães na América Latina, elaborada pelo governo Roosevelt. Clique no título da matéria abaixo para ler a reportagem completa, publicada no Correio da Manhã de 18 de julho de 1941. |
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1943 | 1944 | |
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1945 | ||
A Auto Union Brasil é formalmente liquidada no
País.
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1946 | ||
A Auto Central, que tinha adquirido o estoque de peças da Auto Union Brasil durante a liquidação da empresa, anunciava que voltaria a entregar novos veículos em 1947. Mas a Auto Union G.m.b.H somente restabeleceria suas operações na Alemanha Ocidental a partir de 1949...
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1947 |
1948 | 1949 | |||
Anúncios de venda de veículos Auto Union publicados na imprensa carioca, inclusive um DKW 1940 "último modelo" (antes do termino das importações), na oficina da rua 2 de dezembro do "Seu Adolf", pioneiro mecânico alemão no Rio de Janeiro. | ||||
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No inicio dos anos 1950, enquanto a Auto Union lutava por se reerguer na Alemanha, Walter Krug, ainda solidamente ligado aos dirigentes da empresa e benquisto no Brasil, montou a Companhia Auto Lux com sede social no Rio de Janeiro (Av. Evaristo da Veiga 130) e com filiais em São Paulo (Al. Eduardo Prado 460/77), em Belo Horizonte (Rua São Paulo 276) e em Juiz de Fora (Rua Halfeld 316). Não se tratava de uma filial Auto Union como antes da guerra, mas uma importadora-revendedora, de propriedade de Krug e de outros sócios brasileiros.
Em instalações de 2.000 m², a Auto Lux mantinha em São Paulo uma oficina de manutenção e deposito de peças; além dos 1.000 m² que eram usados para um salão de exposição, lavagem e lubrificação.
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Modelos DKW F89-P e F89-L Schnellaster no salão de exposição. |
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1951 |
Anuncio de um modelo Horch 1939 conversível, publicado no "Jornal do Brasil" de 10 de março de 1951, no Rio de Janeiro:
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Fotos do lançamento dos automóveis DKW, promovido pela filial da Auto Lux em Juiz de Fora (MG) |
1952 | |
1953 | 1954 | |
No dia 21 de agosto de 1953 era registrada em cartório a escritura de constituição da "Indústria e Comercio Auto Union S.A." com participação acionária de Walter Krug (40%), Otto Morgenthaler (10%), Gunther Hipper (5%), Octavio Mendes da Silva Guimarães (2%), Hans Eschweller (1%), Sixt von Kapff (2%) e Mary Margaret Krug (40%). A sede e o foro da sociedade ficava no Rio de Janeiro, "podendo ser estabelecidas, a critério da Diretoria, filiais, agências, depósitos e dependências em outros pontos do país".
Clique aqui para ver a publicação da escritura de constituição da "Indústria e Comercio Auto Union S.A."
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1955 |
Anuncio publicado
no "Diário de Notícias" (Rio de Janeiro) em 27 de fevereiro de 1955, mostra
a "Distribuidora Vemag" como "concessionária" da "Ind. e Com. Auto Union":
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A noticia abaixo foi publicada no jornal carioca "Diário de Noticias" em 30 de setembro de 1955.
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Em 1955, face à iminente formação do GEIA e restrição a importação de veículos, Walter Krug enfrentava dificuldades para importar seus DKWs pela Auto Lux. Em contato com Domingos Fernandes Alonso, o empreendedor que criou a Vemag, Krug lhe disse que a Auto Union lutava por se firmar no mercado e que tinha não só confiança no Brasil, mas estímulos do governo alemão para vendas no exterior.
Por meio de Krug, Fernandes percebeu o interesse da Auto Union que, em Ingolstadt, estava tentando seguir os passos da Volkswagen, no sentido de conquistar mercados novos com a instalação de fábricas em outros países.
A Vemag negociou então, em fevereiro de 1955, a importação de prensas e ferramental de uma pequena perua de nome comprido, a Sonderklasse Kombiwagen Universal F-91, que fora fabricada de 1953 a 1955, na Alemanha.
Em novembro de 1956, a Vemag conseguia colocar no mercado brasileiro aquele que pode ser considerado como o verdadeiro pioneiro: o DKW Vemag.
Esta página foi escrita com informações e fotos extraídas do livro "DKW - A Grande História da Pequena Maravilha", de Paulo Cesar Sandler (Ed. Alaúde) e de pesquisas na Internet. Agradecemos aos jornalistas Jason Vogel e Flavio Gomes/Luis Fernando Souza, o primeiro pelo anuncio publicitário recebido e os segundos pelas fotos de apresentação dos DKWs em Juiz de Fora.