Como "soltar" o Candango    (resumo)

 

Reproduzimos abaixo o diálogo travado num grupo de "candangueiros" sobre como tornar o jipe Candango mais "solto", sem perda da capacidade de tração nas quatro rodas. Não há solução mágica e as alternativas não são animadoras.


Pergunta inicial: É possível substituir coroa e pinhão da caixa original do Jipe por um jogo do carro de passeio DKW?


Resposta 1: Não, o estriado é diferente. Principalmente se for do cambio com primeira sincronizada! No cambio antigo, o estriado do pinhão é mais parecido mas não tem a rosca da tomada de força da saída do cardan traseiro.


Comentário: antes de optar pela substituição da caixa completa, tendo em vista a resposta acima, na qual fica clara a impossibilidade de conciliar um jipe mais solto com tração 4x4, caberia pesquisar se existem (ou existiam) jogos diferentes para o Munga, tal como tínhamos (temos) para os autos DKW no Brasil, com suas diferentes opções de relações de transmissão nas caixas-de-marchas que foram utilizadas na linha de produção. Há que se pesquisar nos catálogos da AutoUnion.


Resposta 2: Não existe jogo alternativo. O que o falecido Vicente Sabatini (*) fazia, era mudar a relação. Ele pegava uma coroa de outra relação (se não me engano do cambio semi sincronizado) e fazia o acasalamento no pinhão do Jipe. Montava tudo e com carburindio ficava rodando o pinhão e a coroa até se acasalarem, num trabalho de várias horas! Se não fisesse isso, era uma barulheira danada!


Comentário: Complicou bastante, mas antes de desistir, precisamos pesquisar mais a fundo para ver se é possível manter o câmbio e trocar só o diferencial dianteiro e traseiro.


No caso de abrir mão da tração integral para um desempenho mais solto no asfalto, qual a melhor opção?

Resposta: Muitos usam caixa de Belcar/Vemaguet no Candango mas, dependendo da relação do diferencial utilizada, a adaptação não fica boa. O jipe fica sem força, "xoxo e molengão", ainda mais se estiver usando rodas aro 16".

Comentário: O uso da caixa-de-marchas do Pracinha, mais "reduzida" que a dos outros automóveis DKW, mostrou-se viável. Se o motor estiver bom, com a caixa da Pracinha e aro 16, o jipe se comporta praticamente como o carro, tanto nas subidas como nas decidas. Anda bem. Então esta seria uma boa opção, utilizar a "caixa curta" da Pracinha! Caixas A3 e A5 (7x36)



(*) Nota de Carlos Casselli:

Vicente Sabattini tinha uma oficina que consertava veículos DKW e principalmente Candangos, onde transformava a própria caixa de marchas para ter comportamento mais esportivo.

Também preparava motores para competição, inclusive o do Expedito Marazzi. Depois foi piloto de testes da revista Transporte Moderno, onde testava caminhões. Finalmente, foi representante de serviços da Mercedes Benz, onde por muitos anos trabalhamos juntos.

Tenho alguns guardados dele, vou ver se acho se acho alguma coisa das modificações do câmbio.

Infelizmente, Sabattini faleceu no início de 2017. Fui visitá-lo no hospital vinte dias antes de falecer, depois fui na cerimônia de cremação.

Pessoa incrível, autodidata, pianista e um grande coração!

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